Animais mortos no litoral baiano têm plástico preso no estômago
Animais marinhos são como crianças: curiosos, brincalhões e pouco seletivos com os alimentos. Brincam com qualquer coisa que semexa no fundo do mar, engolem acidentalmente os “brinquedos” e acham que estão alimentados mesmo que só tenham lixo no estômago.
Na costa baiana, grande parte dos animais mortos ou debilitados recolhidos das águas por Ongs como o Projeto Tamar e o Instituto de Mamíferos Aquáticos (IMA), tem algum lixo no organismo. Plástico, na maioria das vezes.
No caso de tartarugas, segundo o Tamar, entre 50% e 60% dos animais necropsiadostêmlixo no corpo. Já entre os golfinhos e baleias recolhidos pelo IMA, o número de mamíferos aquáticos que apresentaplásticonoestômago varia entre 30% e 40%.
Para os bichos que têm o mar como habitat natural, a sensação de saciedade na alimentação não é dada por salgadinhos e balas, com pouco valor nutritivo, mas pelo lixo que é jogado no mar, ou que chega até lá de alguma forma.
Em seus oito anos de experiência no projeto, a veterinária Thaís Pires, do Tamar, já viu muitas mortes por causa disso e explica como um simples saco plástico no fundo do mar pode ser fatal para uma tartaruga marinha.
“As tartarugas confundem t com alimento e acabam ingerindo. Esse lixo faz volume no estômago do animal e eles acham que não precisam mais se alimentar”, conta, acrescentando que, sem os nutrientes necessários, elas ficam debilitadas e acabam morrendo.
“A reabilitação, nesses casos, é muito demorada e a taxa de sucesso, bem baixa, pois as tartarugas são animais resistentes e quando encalham é porque já estão bem debilitadas”, completa. Além de provocar desnutrição, acrescenta, a presença de lixo no organismo do animal pode levar à morte, porque causa obstruções, rupturas, perfurações, úlceras e outras lesões no trato digestivo das tartarugas.
ESTRANGULAMENTO Mesmo que não haja ingestão do lixo,os prejuízos causados por ele são bem grandes. A veterinária explica que, no caso de plásticos mais rígidos (como tampas de garrafas pet, por exemplo), os aros podem se prender em partes do corpo do animal, causando morte por estrangulamento -se ficar preso ao pescoço - ou por impedir a natação da tartaruga, se estiver nas nadadeiras. Há ainda casos em que esses plásticos se prendem à carapaça do animal, causando deformidades.
Tartarugas não morrem asfixiadas, pois podem ficar até quatro horas sem respirar,mas os golfinhos sim.Como as tartarugas, eles também confundem sacos plásticos com alimentos.
“No fundo do mar, esses objetos se mexem da mesma forma que lulas. Os golfinhos engolem e acabam asfixiados ou desnutridos”,conta Luciano Reis, vice-presidente do Instituto de Mamíferos Aquáticos (IMA).
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