O ensino e estudo da Arte
ocorre, muitas vezes, de forma desconexa. A Arte como disciplina do currículo é
válida, é importante, porém ensinar por ensinar, como vem ocorrendo nos espaços
educativos faz com que os propósitos percam sua valia.
Ensinar Artes requer do
professor um entendimento mais aprofundado, a busca pela subjetividade do
processo artístico, um olhar perscrutador buscando em cada nuance, em cada
linha delineada, em cada forma a mensagem escondida ou não percebida.
Na primeira atividade de Artes,
deste ano - 2015, desafiei meus queridos alunos que estudassem a Arte Rupestre
e fizessem uma exposição pictórica, e, como esperava, a princípio gerou
questionamento, reclamações, depois, pouco a pouco, notei uma motivação muito
intensa.
Como segunda atividade,
solicitei que fizessem arte em argila, esculturas, utensílios, dentre outros.
Além disso, solicitei que fizessem, usando duas garrafas pets, embalagens para
acomodar a arte produzida e colocar suporte para exposição que ocorreu na
árvore que fica em frente à cantina da nossa escola. A empolgação foi
geral.
É claro que muitos colegas acham
"loucura" e gestores acham "loucura e mais trabalho para
eles", porém, acredito que esta movimentação esfuziante define o que
acredito ser "ESCOLA VIVA", "ESTUDANTES MOTIVADOS", estimulados.
Em uma conversa com meus
estudantes, estes alegaram que seus professores de Artes, nos anos anteriores,
os mandavam apenas desenhar e pintar, questionando o porquê de estarem sendo
cobrados a fazerem, em apenas uma unidade, pesquisa, pintura, escultura,
jornal, autoavaliação e criar uma peça literária, expressando-a a partir da
arte. Na visão deles era muita coisa e eles não conseguiriam dar conta.
Mas, deram. E, senti a
empolgação em cada um deles. E, percebi que quando os tratamos como seres capazes
de superar desafios, eles se tornam mais que isto, se tornam sedentos por
conseguirem muito mais.
Estes são meus alunos de classe
normal.
Quanto aos meus alunos com
deficiência aparente, acreditem, estes com um pouquinho de estímulo nos ultrapassam
com a maior velocidade, mostrando uma força e um dinamismo inacreditável. E, o
grande detalhe é que acabam nos transformando de professores a
iniciantes...
A conclusão que chego é que,
muitos são os fatores e obstáculos que minam o processo educativo e sucesso
destas pessoas em formação, porém, a atribuição negativa, que o professor
acaba, muitas vezes de forma inconsciente - seja pela revolta por receber de
pacote uma disciplina como esta, que embora faça parte da área de linguagens,
não é àquela para a qual nos especializamos, ou por qualquer outro motivo
- cumprindo a carga horária, mas ensinando sem "amor", sem
"paixão". Assim, os resultados são catastróficos. E, lamentavelmente,
os que sofrem mais são nossos alunos, apesar de estarem inconscientes disto.
Mudar é preciso, mas para isto
não são necessárias leis. São necessários princípios, comprometimento, paixão
pela profissão, prazer por cada passo dado.
Este é meu pensamento.
Janice Simões
Professora Especialista em: Psicopedagogia; Mídias
na Educação; Educação Especial; Língua Inglesa. Formada em Tecnologia Assistiva.
Deficiência Intelectual. Braille. Libras. Coordenadora de Laboratório de
Informática. Coordenadora de SRM - Atend. Ed. Especializado