Os protagonistas do processo pedagógico, família,
governo, escola, estudantes, são entes que deveriam, em parceria, assumir e
fazer valer sua responsabilidade de sistematizar os saberes de forma trans e
interdisciplinar, não delegando apenas ao professor da Língua Portuguesa a
responsabilidade pela introdução, desenvolvimento e aquisição significativa da
linguagem, a partir da compreensão dos processos necessários a este objetivo.
Resultados dos processos que intencionam
avaliar o nível de desempenho da língua portuguesa em nossa nação e
internacionalmente através do PISA (Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes), bem como os principais resultados brasileiros demonstram estarmos
ainda distantes dos objetivos e metas traçadas à formação sócio-crítica dos
cidadãos demandados por nossa sociedade cada vez mais modernizada.
A leitura e a escrita, canais que se interligam ao objetivo da expressividade possibilitando a inserção do indivíduo na sociedade se torna cada vez mais difícil de ser desenvolvida nos espaços educativos. Neste sentido, família e escola são entes que têm a incumbência de promover situações favoráveis não apenas ao letramento, mas à formação crítico-reflexiva, tanto na expressividade, quanto na compreensão profunda na decodificação das diversas mensagens inseridas nos diversos tipos e formas comunicativas.
Todos os envolvidos no processo educativo têm e devem assumir a responsabilidade por sistematizar esses saberes de forma a haver uma harmonia e trans e interdisciplinar, não sendo delegado apenas ao professor da língua portuguesa o preparo, o estímulo, o desenvolvimento, condução à aquisição significativa da linguagem, indispensável ao sucesso de todas as demais disciplinas do currículo.
O atual cenário pedagógico, ao mesmo tempo em que sinaliza a fragmentação
que caracteriza nossas práticas pedagógicas nas escolas públicas brasileiras, nos leva a questionar e buscar enfrentar: onde está o problema,
quais são os responsáveis, quais mudanças e soluções são viáveis para reverter este
quadro, até que ponto os atores deste processo estão preparados e maduros para
atuar neste processo.
Há muito é atribuída ao professor à culpa pela
inépcia e ineficácia do fazer pedagógico refletido no desempenho real dos
alunos, que, inclusive, vale ressaltar, na realidade está muito crítico e aquém
dos números apresentados pelas avaliações nacionais. Quem é professor e aguenta
encarar a realidade da sala de aula sabe ao que estou me referindo e sinalizando.
A vaidade e o apego ao poder ainda faz parte dos
cargos de gestão, inclusive no espaço pedagógico, grêmios são formados a partir
de composições estratégicas com seus membros sendo escolhidos de forma a
respaldar o interesse e manter o status quo, bem como cargos que deveriam reger a orquestra pedagógica são muitas vezes direcionados por critérios de afinidade e afetividade entre os pares. De que forma o governo (no caso da rede pública) e a própria escola (no caso da particular) podem agir para melhorar a formação dos professores?
Eles devem criar as condições básicas, com infra-estrutura e incentivos à carreira. Só o profissional, no entanto, pode ser responsável por sua formação. Não acredito nos grandes planos das estruturas oficiais. Esse é um processo pessoal incompatível com planos gerais centralizadores. É no espaço concreto de cada escola, em torno de problemas pedagógicos ou educativos reais, que se desenvolve a verdadeira formação. Universidades e especialistas externos são importantes no plano teórico e metodológico. Mas todo esse conhecimento só terá eficácia se o professor conseguir inseri-lo em sua dinâmica pessoal e articulá-lo com seu processo de desenvolvimento. Não quero tirar a responsabilidade do governo, mas sua intervenção deve se resumir a garantir meios e condições. (http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/professor-se-forma-escola-423256.shtml)
Em pesquisa sobre a qualidade da gestão feita por um preposto da educação em uma sala de reunião de professores, observei que ao serem questionados sobre a qualidade da gestão, a despeito de todos saberem da realidade e se queixarem nos bastidores, o silêncio imperou e a única dupla que se manifestou favorável também era contraditória ao discurso emitido.
O porquê desta postura nos conduz à constatação
de que ainda vivemos em uma relativa liberdade de expressão, bem como uma
dificuldade e fragilidade na aceitação de críticas por parte da gestão
educacional, remetendo-nos, em algumas situações, aos velhos e desprezíveis
conceitos hierárquicos ditatoriais nos quais o que é decidido pelos gestores,
deve ser acatado pelos professores em sua maioria. Detalhe, este não é um fato
isolado, ocorre em grande maioria dos cenários da educação pública.
Ora, o trabalho pedagógico deve se dar em parceria
e pressupõe líderes coaches, cuja maturidade esteja suficientemente desenvolvida
de forma a fazer bom uso de sua prática, além de saber transformar e trabalhar as críticas
sobre a necessidade de mudanças, de forma a tornar suas práticas, tanto nas
esferas administrativas, quanto na pedagógica, o mais próxima da ideal e
funcional necessária.
Ao contrário do que se prega o professor,
provavelmente, seja o único que a despeito de tudo, sofrivelmente, tenta, luta,
contornando todos os obstáculos, proporcionar, ainda que sofrivelmente, aos
seus alunos, condições reais de aprendizagem.
Entretanto, seria necessário estimular todos
estes protagonistas, em especial professores, a registrarem suas dificuldades e
real visão da prática pedagógica, ainda que anonimamente, para que a realidade
da inépcia, ignorância ou falta de vontade, dos responsáveis pela logística e
parceria administrativo-pedagógica seja trazida à tona, para que assim, se
torne possível à formação de líderes saia de seus gabinetes, ergam as mangas,
se façam presentes, trabalhem em parceria, não empavonando os louros, mas
questionando, e aí... Como está à situação, houve alguma melhora, de que forma
podemos ser útil para que os resultados sejam alcançados...
Inclusive, vale ressaltar que não apenas a gestão
deve assumir este papel, a família deve ser trazida e estimulada a estar dentro
da escola, a acompanhar o processo, a ser parceira, a ter voz, a ser ouvida, a ter
direito de questionar e cobrar resultados, a receber feedback. Chamar a família
apenas para apresentar os boletins e queixas... Sem comentários...
Assim, de forma geral, o trabalho do professor não pode ocorrer de forma
solitária, isolada, deve sim transitar entre as áreas sem necessidade de
permissão, deve ocorrer de forma inter e transdisciplinar para que sua prática
ocorra sem improvisos. Mas, como isto pode ocorrer?
No final de cada ano letivo se pensa em tudo,
aprovação, reprovação, conselho de classe... Findo tudo isto, recesso,
férias...
Novo ano, e agora? Bom, não precisamos nos
preocupar, a reunião de planejamento pedagógico já vem pronta e já tem os
responsáveis pela apresentação, coincidência ou não: são gestores,
coordenadores, representantes da secretaria de educação, que têm traçadas e
ensaiadas suas falas...
Há anos, em reuniões, aconselho usar sábados letivos, ou reservar um dia por unidade para se trabalhar com oficinas da língua portuguesa,
com salas temáticas, cada uma abordando e trabalhando com um tipo de dificuldade específica, sendo inscrito os alunos por dificuldades, priorizando as mais críticas, até que este aluno, ao final do ano, possa ter mais competências e superação, porém, é como falar para as paredes. Enfim,
A Bíblia nos diz:
"Não te mandei eu? ESFORÇA-TE, e tem bom ânimo; não
temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que
andares." (Josué 1:6-9). .
Vamos em frente, https://www.youtube.com/watch?v=FxQB1FYLu5k
Abraços.
Valeu o desabafo !
























