Artigo Gustavo Ioschpe – Parte 1
Oi Pessoal!
Um dia, cheguei à sala dos professores e, olhando o
mural de avisos, me deparei com um artigo de Gustavo Ioschpe. A reportagem não
era nova, o que me fez questionar se a “cegueira do dia a dia corrido do
professor”, ou a sensação e crença pacifista de que muitas vezes parece ser
“melhor deixar quieto”, ou talvez as condições da “falsa democracia” fez com
que todos passassem sem emitir nenhuma opinião sobre o mesmo.
Confesso que, na minha pressa rotineira, foi necessário
um dia atípico com “janelas” para que eu pudesse na quietude, “possível”, de um
recinto onde supostamente teríamos direito a uns minutinhos de recuperação de
força e energia necessárias, ler com atenção o referido artigo. Ao finalizar,
senti estranheza ao perceber que se um alguém pendura uma reportagem de tal
teor no mural dos professores, o respeito ao profissional passa a ser
questionável. Enfim...
Mais adiante, em pesquisas na Web eu descobri que:
ufa... Não estou sozinha... Alguém se incomodou também com o discurso deste
cidadão, coitado, que não deve ter tido a oportunidade única e exemplar de
vivenciar um ano em cada modalidade do ensino público. Assim, sua ignorância
será amenizada por tal fato.
Na opinião dele a educação brasileira só vai
avançar quando houver demanda pública por melhorias... A meu ver, este cidadão
ainda não foi capaz de enxergar esta demanda, pois ela existe, é real, e apesar
de já estar lá por muito tempo, é completamente ignorada pelos responsáveis por
fazer as legislações na educação se tornarem em realidade.
Talvez a intenção deste autor tenha sido a de
clamar por mais rigor e atuação para que estas legislações e cobranças se
tornem em atividades logísticas e de acompanhamento para que as demandas sejam
atendidas.
Atualmente, vejo os encarregados pela elaboração de
leis e planejamentos de novos projetos e mudanças na educação, como pessoas que
puxam o pino da granada e atiram nas mãos das secretarias, que por sua vez
passam, rapidamente aos gestores, que para fazer bonito, jogam no colo dos
professores. Porém, ao invés de todos estes proverem os recursos físicos,
materiais e humanos necessários ao desempenho razoável da missão do professor,
junto a bomba vem a famosa frase: Se vira, pois nós e a SEC estamos no seu pé...
rsrs... Tudo isto, democraticamente falando.
A seguir, ele compara o professor a algum tipo de
animal desprovido de qualquer tipo de inteligência, ao dizer “tentar falar com
o professor médio na esperança de trazer algum conhecimento que o leve a melhorar
seu desempenho”. Tal assertiva demonstra total falta de respeito pelo
profissional e uma profunda ignorância das condiciones quoque laboris deste,
melhor dizendo: de minha classe, bem como do rerum adiunctis.
Caso o mesmo
esteja lendo este meu manifesto, disponibilizo a tradução ao bom
e velho português: das condições de
trabalho e circunstâncias que
obstaculizam o desempenho do professor.
Ignora, o pobre inocente, que o professor ora a
Deus para amanhã ter alunos que em todo seu percurso tenham sido providos de
recursos gerais necessários à formação e preparo às séries às quais se
destinam, visto que não se chega ao topo sem passar pelas bases, mas claro
ainda, não se constrói um prédio sem alicerce.
Quando este cidadão cita jocosamente que o discurso
do professor é o mesmo: “o professor é um herói, um sacerdote abnegado da
construção de um mundo melhor, mal pago, desvalorizado, abandonado pela
sociedade e pelos governantes”. Esquece-se de citar a fonte: é isso mesmo:
gostaria de saber de onde ele tirou isto...
Apesar do fundo de veracidade, à qual ele se
encontra distante, o que é plausível e plenamente compreensível, visto que para
que ele compreendesse e falasse com propriedade ele deveria ter o mínimo de
conhecimento ou fosse um pesquisador interessado e comprometido com a área,
pois assim ele adquiriria um conhecimento embasado.
A propósito: existe na história da humanidade
dentre os vários tipos, o conhecimento formal e o informal. Sendo o formal é
desenvolvido em escolas, academias, universidades a partir da imersão em busca
de conhecimentos que respaldem a formação. E, o informal, aquele que se aprende
no labor, poiesis e práxis, ao custo do investimento de muito suor que
desenvolve um profundo respeito pelo conhecimento prático daquele que nasceu e
se criou no meio, a despeito da ausência do saber acadêmico.
Nesta questão, o conhecimento do autor não se
encaixa em nenhuma das opções, visto que não é formado como professor e não
exerceu a profissão, até onde eu sei, nem mesmo ilegalmente. Portanto,
desconhece o fluxo, a rotina, as etapas, as demandas, a infraestrutura e
logística necessária ao processo educativo.
Querido senhor. Seria muito lindo, até poético,
imaginar que o professor é o gênio da lâmpada. Basta esfregar que ele sai e
concede três ou mais pedidos. Porque, professores da vida real necessitam de
apoio de diversos aspectos para desempenhar suas funções.
Pensemos. O lixeiro. Ok. Peguemos este profissional
indispensável e extremamente importante em qualquer sociedade. Seguindo as
premissas esperadas para o exercício da profissão deste, apliquemos ao lixeiro
as mesmas condições.
Ou seja: o que se faz necessário ao desempenho da
profissão do lixeiro:
Balde de lixo, pá, vassouras, flanelas, uniforme, máscara,
calçados, caminhão de lixo, motorista, supervisor, coordenador, gerente... Em
caso de uma demanda grande o fluxograma:
Demanda – gerente – reunião gerente x coordenador x
supervisor – supervisor x motorista x equipe de lixeiros – monitoramento da execução.
Inclusive, reunião onde todos têm direito a expressão de seu ponto de vista,
não apenas ouvir e balançar a cabeça mudamente. Pois, quando discordamos,
supostamente, temos a obrigação de ofertar possíveis alternativas. E, é deste
confronto que saem os bons resultados.
Posso estar errada, neste caso perdoe minha
ignorância.
Será que o professor é uma andorinha solitária com
uma missão gigante? Aquele que quando acerta, o mérito é da equipe gestora, da
coordenação, das secretarias de educação, das famílias...
Entretanto, quando o cenário evidencia o caos no qual a educação se encontra, a falência da educação... Daí... Culpa-se
a quem??? A quem mesmo???
E, baseando em quem??? Qual a fundamentação e
embasamento científico existe comprovação que evidencie as afirmações????
Continua...
