domingo, 28 de setembro de 2014

Professores, acordem! Uma crítica ao texto de Gustavo Ioschpe na revista Veja




Artigo Gustavo Ioschpe – Parte 1

Oi Pessoal!



Um dia, cheguei à sala dos professores e, olhando o mural de avisos, me deparei com um artigo de Gustavo Ioschpe. A reportagem não era nova, o que me fez questionar se a “cegueira do dia a dia corrido do professor”, ou a sensação e crença pacifista de que muitas vezes parece ser “melhor deixar quieto”, ou talvez as condições da “falsa democracia” fez com que todos passassem sem emitir nenhuma opinião sobre o mesmo.
Confesso que, na minha pressa rotineira, foi necessário um dia atípico com “janelas” para que eu pudesse na quietude, “possível”, de um recinto onde supostamente teríamos direito a uns minutinhos de recuperação de força e energia necessárias, ler com atenção o referido artigo. Ao finalizar, senti estranheza ao perceber que se um alguém pendura uma reportagem de tal teor no mural dos professores, o respeito ao profissional passa a ser questionável. Enfim...
Mais adiante, em pesquisas na Web eu descobri que: ufa... Não estou sozinha... Alguém se incomodou também com o discurso deste cidadão, coitado, que não deve ter tido a oportunidade única e exemplar de vivenciar um ano em cada modalidade do ensino público. Assim, sua ignorância será amenizada por tal fato.
Na opinião dele a educação brasileira só vai avançar quando houver demanda pública por melhorias... A meu ver, este cidadão ainda não foi capaz de enxergar esta demanda, pois ela existe, é real, e apesar de já estar lá por muito tempo, é completamente ignorada pelos responsáveis por fazer as legislações na educação se tornarem em realidade. 
Talvez a intenção deste autor tenha sido a de clamar por mais rigor e atuação para que estas legislações e cobranças se tornem em atividades logísticas e de acompanhamento para que as demandas sejam atendidas. 
Atualmente, vejo os encarregados pela elaboração de leis e planejamentos de novos projetos e mudanças na educação, como pessoas que puxam o pino da granada e atiram nas mãos das secretarias, que por sua vez passam, rapidamente aos gestores, que para fazer bonito, jogam no colo dos professores. Porém, ao invés de todos estes proverem os recursos físicos, materiais e humanos necessários ao desempenho razoável da missão do professor, junto a bomba vem a famosa frase: Se vira, pois nós e a SEC estamos no seu pé... rsrs... Tudo isto, democraticamente falando.
A seguir, ele compara o professor a algum tipo de animal desprovido de qualquer tipo de inteligência, ao dizer “tentar falar com o professor médio na esperança de trazer algum conhecimento que o leve a melhorar seu desempenho”. Tal assertiva demonstra total falta de respeito pelo profissional e uma profunda ignorância das condiciones quoque laboris deste, melhor dizendo: de minha classe, bem como do rerum adiunctis
Caso o mesmo esteja lendo este meu manifesto, disponibilizo a tradução ao bom e velho português: das condições de trabalho e circunstâncias que obstaculizam o desempenho do professor. 
Ignora, o pobre inocente, que o professor ora a Deus para amanhã ter alunos que em todo seu percurso tenham sido providos de recursos gerais necessários à formação e preparo às séries às quais se destinam, visto que não se chega ao topo sem passar pelas bases, mas claro ainda, não se constrói um prédio sem alicerce.
Quando este cidadão cita jocosamente que o discurso do professor é o mesmo: “o professor é um herói, um sacerdote abnegado da construção de um mundo melhor, mal pago, desvalorizado, abandonado pela sociedade e pelos governantes”. Esquece-se de citar a fonte: é isso mesmo: gostaria de saber de onde ele tirou isto...
Apesar do fundo de veracidade, à qual ele se encontra distante, o que é plausível e plenamente compreensível, visto que para que ele compreendesse e falasse com propriedade ele deveria ter o mínimo de conhecimento ou fosse um pesquisador interessado e comprometido com a área, pois assim ele adquiriria um conhecimento embasado.
A propósito: existe na história da humanidade dentre os vários tipos, o conhecimento formal e o informal. Sendo o formal é desenvolvido em escolas, academias, universidades a partir da imersão em busca de conhecimentos que respaldem a formação. E, o informal, aquele que se aprende no labor, poiesis e práxis, ao custo do investimento de muito suor que desenvolve um profundo respeito pelo conhecimento prático daquele que nasceu e se criou no meio, a despeito da ausência do saber acadêmico.
Nesta questão, o conhecimento do autor não se encaixa em nenhuma das opções, visto que não é formado como professor e não exerceu a profissão, até onde eu sei, nem mesmo ilegalmente. Portanto, desconhece o fluxo, a rotina, as etapas, as demandas, a infraestrutura e logística necessária ao processo educativo.
Querido senhor. Seria muito lindo, até poético, imaginar que o professor é o gênio da lâmpada. Basta esfregar que ele sai e concede três ou mais pedidos. Porque, professores da vida real necessitam de apoio de diversos aspectos para desempenhar suas funções.
Pensemos. O lixeiro. Ok. Peguemos este profissional indispensável e extremamente importante em qualquer sociedade. Seguindo as premissas esperadas para o exercício da profissão deste, apliquemos ao lixeiro as mesmas condições.
Ou seja: o que se faz necessário ao desempenho da profissão do lixeiro:
Balde de lixo, pá, vassouras, flanelas, uniforme, máscara, calçados, caminhão de lixo, motorista, supervisor, coordenador, gerente... Em caso de uma demanda grande o fluxograma:
Demanda – gerente – reunião gerente x coordenador x supervisor – supervisor x motorista x equipe de lixeiros – monitoramento da execução. Inclusive, reunião onde todos têm direito a expressão de seu ponto de vista, não apenas ouvir e balançar a cabeça mudamente. Pois, quando discordamos, supostamente, temos a obrigação de ofertar possíveis alternativas. E, é deste confronto que saem os bons resultados.
Posso estar errada, neste caso perdoe minha ignorância.
Será que o professor é uma andorinha solitária com uma missão gigante? Aquele que quando acerta, o mérito é da equipe gestora, da coordenação, das secretarias de educação, das famílias...
Entretanto, quando o cenário evidencia o caos no qual a educação se encontra, a falência da educação... Daí...  Culpa-se a quem??? A quem mesmo???
E, baseando em quem??? Qual a fundamentação e embasamento científico existe comprovação que evidencie as afirmações????
Continua...